A voz dos cachos: Liberdade

julho 16, 2015

A entrevista anterior da nossa sessão " A voz dos Cachos" foi um verdadeiro sucesso. Queremos agradecer todo carinho e todas as mensagens de incentivo que recebemos. A ideia é justamente a de emocionar, motivar a fazer uma reflexão sobre nossa beleza e sobre nossas ideias no mundo. 
Quando uma mulher entra na transição ela não apenas decide mudar o seu cabelo, mas ela provoca uma mudança interior capaz de fortalecê-la. Isso é chamado de empoderamento. A mulher sabe e conhece suas potencialidades e acredita em si mesma e assim torna-se autônoma e livre. Cachos e crespos não são moda. Eles representam nosso resgate pessoal e de nossas origens.
A voz dos cachos de hoje traz hoje a entrevista de uma cacheada muito gente fina que achou fantástica a ideia de compartilhar conosco seu processo de transição e sua fase pós BC. 

Vem conferir como foi a experiência dela. As dicas e a história dos cachos dela são cativantes. A lindeza, Temires abriu o coração e compartilhou conosco suas emoções e lembranças ao falar do seu processo de mudança exterior e interior.
Atualmente: Divando
Qual seu nome, idade e profissão?
Temires Barbosa, 21 anos, Gestora Comercial.

 Você começou a usar química no cabelo com quantos anos e qual foi o motivo? 
Fiz a minha primeira química aos 13 anos, chamada Escova Hidronutritiva da Wella. Na adolescência, enquanto estamos formando nossa personalidade, nos importamos muito com a opinião alheia e tendemos a buscar a aceitação dos nossos colegas e somos muito influenciados pela mídia, ligado a isso eu não sabia como arrumar o meu cabelo e a minha mãe também não. Daí seria mais fácil, ao meu ver adolescente, mais bonito, mais arrumado, mais aceitável manter o cabelo sempre liso (que tolice, mas é a fase haha). Fiz o meu pai gastar uns 500 dinheiros (que na época era bastante – coitado!) nesta escova, e nos produtos para a manutenção em casa. Na primeira semana foi tudo lindo, uma maravilha. Cabelo lisinho, franjinha – oh Deus, lembrando e só rindo da minha inocência! Mas daí eu lavava o cabelo e ele continuava liso, porém era sem graça, sem brilho, logo veio o arrependimento. Quem manda não ouvir a mãe? E para piorar as coisas no mês seguinte aquela raiz horrorosa começa a ficar bem aparente, sim o seu cabelo que é ruim por não ser liso como o restante, e a cada semana a coisa fica pior, mesmo com escova e chapinha, nada acalma aquele capacete =P
Época em que usava química
Então, depois de 4 ou 6 meses, não me lembro exatamente, fui a minha cabeleira que sempre cortava o meu cabelo desde pequenininha, para dar um jeito naquilo. Ela rigorosamente contra o formol, me sugeriu fazer relaxamento com tioglicolato de amônia (acho que é assim que escreve, senão ignorem) para amenizar a diferença das texturas e deixar o cabelo mais ondulado. Permaneci relaxando por uns 2 anos. Era um pouco melhor, se eu amassasse bem meu cabelo ele ondulava, ficava mais volumoso, com um pouco mais de vida. E foi nesse meio tempo que comecei a apreciar cachos e perceber que gostava deles, observava algumas cacheadas, sendo que naquela época as que assumiam seu cabelo tinham a raiz lisa e os cachos mais abertos, e era desses que eu gostava e era assim que eu queria que fosse o MEU cabelo.

Você passou pela transição? Quantos meses tem de BC (big chop= corte de toda química)?
Transição em andamento

Sim, meu bc foi em dezembro de 2012, 1 ano e 10 meses depois da ultima química.


E como foi seu processo de transição?

Digamos que meu processo foi bem tranquilo, eu não sabia que estava em transição, eu apenas desenvolvi um amor por cachos e decidi esperar o meu cabelo crescer para ver como seria. Eu ainda achava meu cabelo sem graça com aquela química e ela estava bem fraco. Além disso, era algo da minha natureza, eu nunca gostei de depender de coisas ou das pessoas, então esse negócio de depender de fazer a raiz, de escova ou prancha pra se sentir bonita, para sair ou tirar fotos não era pra mim (e sinceramente não é, ou pelo menos não deveria ser assim para ninguém).


Você sentiu dificuldades na transição?
Felizmente não muita. 8 meses após a minha ultima química eu me mudei para o interior, estava longe dos amigos e já havia terminado a escola. Na cidade que eu morava eu não saia muito então não tinha essa cobrança de estar sempre arrumada. Além disso, devido a química e o constante uso da chapinha minha raiz era bem maleável. Por outro lado, a maioria das pessoas de lá tinham cabelo liso, então eu era a ovelhinha negra hehe. Mas sinceramente eu não estava nem aí. Quando queria, (quase sempre) saia com o cabelo solto, mesmo com as duas texturas e me sentia bem, me sentia bonita! OU então alisava bem a raiz, e deixava meio preso. Uma coisa que fazia muito era lavar e prender tipo num rabo de cavalo, quando estava quase seco, soltava isso fazia a raiz ficar mais baixa. E quando era algum evento mais especial eu fazia escova e continuava me sentindo bem e bonita.

Época do BC
Quais descobertas você fez sobre seu cabelo e sobre você?
Uma descoberta, ou melhor uma reafirmação que tive sobre mim mesma, foi algo que meu nome já me ensinava desde pequena (sim, TEMIRES, não Tamires nem Tamiles – Temires com E diferente mesmo :P ) Eu não nasci para ser igual a ninguém, eu não tenho a obrigação de viver sobre padrões opressivos, eu não preciso mudar quem eu sou para ser bonita, a menos que eu QUEIRA! Eu não dependo de nenhum artifício para me sentir bonita. Sobre meu cabelo, eu descobri que ele é poderoso, que ele sim combina perfeitamente comigo, que ele chama atenção tanto boa quanto ruim, que eu não preciso estar lisa para estar bem arrumada... foram tantas coisas!

Como era sua relação com seu cabelo? E como é essa relação atualmente?
Depois do BC= primeiros cuidados
Como dito antes era um pouco complicada, desde pequena minha mãe tentava alguns tratamentos para diminuir o volume mas não víamos nenhum resultado. Eu não sabia como cuidar, como arrumar, achava que precisava dar um jeito para ficar arrumado, bonito! Era sempre bem molhado, independente de estar solto ou preso, cheio de creme (na parte de cima claro, porque nessa época ninguém sabia que tinha que fazer fitagem né?). E os cuidados eram ótimos, shampoo e condicionador afinal cabelo só precisa disso! #SQN Hoje, é outra coisa, eu lhe dou certos cuidados que o meu tempo me permite, sigo a técnica do no/low poo que me ajuda a deixa-lo mais saudável. Daí ele retribui, fica lindo e pronto para qualquer ocasião! Claro que nem tudo são flores, as vezes ele embola, não fica bonito, mas cabelo é assim, nesses dias eu faço um coque e fica tudo certo! E não vou ao extremo, quando estou com vontade escovo mesmo.

Quais produtos mais te ajudaram ou ajudam? Quais são seus favoritos?
Sem duvida, uma das coisas que mais me ajudaram depois do meu big chop (sim, depois porque como disse eu nem sabia que estava em transição, só depois comecei a ver vídeos na internet e pesquisar como cuidar) foi a umectação com azeite de oliva extra virgem. Eu fazia umectação antes de todas as lavagens. Depois, conheci a técnica do No/Low poo o que deixou meu cabelo muito mais saudável, e isso fazia com que ele ficasse bonito na maior parte do tempo. Quanto a produtos eu não sou muito de me apegar! Eu gosto de ir testando varias coisas desde que estejam liberados para a técnica. Um produto que posso dizer que me apaixonei foi o Higienizador No Poo da Deva Curl que ganhei, ele pretendo comprar novamente. Dois queridinhos que não abro mão são o óleo de amêndoas doce, que geralmente aplico nas pontas antes do creme, tenho luzes que acabam ressecando, e o Bepantol Liquído (ou similares, mais baratos de preferência) que adiciono no creme de pentear ( com o extra perfume e o cachos definidos da Monange ficava ótimo pra mim). Também estou gostando muito do shampoo Color Reflect da Amend, o creme/hidratação Milagre da Lola Cosmetics e o Argan Oil da Lola também, que comprei a pouco tempo.

Como ficou sua autoestima depois da transição?
As respostas das perguntas anteriores já deixaram claro! Tá otimaaaa! Ser livre é outra coisa!

Qual a pior frase que vc ouviu / ouve desde que deixou de assumiu o seu cabelo natural?
Sempre tem aquela coisa de que ‘você combina mais com cabelo liso’ ‘ cabelo liso é mais arrumado’ Mas eu sempre estive tão segura e feliz com o que estava fazendo que nunca liguei, se teve coisa pior eu nem lembro. A parte mais difícil foi o marido, na época namorado, que demorou a se acostumar, mas fora isso nada me afetou a ponto de me deixar triste.


Você deixaria algum conselho para outras mulheres, considerando sua experiência capilar?
Liberdade sem igual!

Sobre a transição, meu conselho é que se você tiver certeza do que está fazendo e para quem está fazendo nada irá te desanimar. E não fique tão encanada com a transição, com o tamanho depois do big chop, curta cada parte do processo. Acredito que o processo de transição envolve muito mais do que cabelo, envolve descobrir a sua beleza natural. Então se o objetivo final é se sentir bem, bonita e segura com você mesma, se esforce em se manter assim também durante o processo, assim será menos doloroso. Se não aguenta a diferença de texturas faça escova e chapinha, se não se sente bem com cabelo curto espere crescer mais um pouco! Também a sua postura interfere e muito na reação das pessoas, elas só pisam em que já está no chão. E se mesmo assim elas falarem não ligue! Se é alguém próximo, como marido, mãe, amigos íntimos que são contra, explique os seus motivos e mostre com isso afeta você. No final eles entenderão, aceitarão e por que não gostarão também? Siga em frente, mas não se deprima, fique bem, isso é por você e para você! Essa foi a minha atitude e deu certo pra mim, então pode dar certo pra você também.

Algo que acho digno a se pensar é que ter cabelo crespo/cacheado não é uma coisa ruim. Eu perguntava tanto a Deus quando criança porque eu tinha nascido com aquele cabelo, que embaraçava que não podia ficar solto, que não era igual o da Sandy ou das moças dos filmes e novelas. Eu tinha pena quando via meninas com cabelos mais crespos que o meu e eram ‘obrigadas’ a alisar e eles quebravam todos e ficavam pequenininhos e eu perguntava ‘ Meu Jeová, porque ela teve de nascer com esse cabelo e não com aquele mais bonito, tadinha?’ Esse era meu pensamento de criança. Hoje depois de adulta, depois da transição e com uma fé mais forte, eu aprendi a respeitar a diversidade da criação. Aprendi que ser negro e ter cabelo crespo não é imperfeição, seria muita arrogância achar que fulano lá na Africa ou seu vizinho, só por ter essa ou outra característica física é mais imperfeito que você! Uma coisa que sempre digo sobre isso é que, nem todo bicho é cachorro, nem toda flor é rosa e nem toda fruta é maçã, então porque nós deveríamos ser todos iguais? Apreciemos e respeitemos a diversidade criativa, de todo tipo de ser, principalmente o ser humano.



Uau! A entrevista da Temires mexeu profundamente com minhas memórias. Depois dessa, você que está em transição ou que está namorando a ideia de começar o processo ficou inspirada?



Sabe quando você se identifica com uma pessoa sem precisar de uma explicação? A nossa Lindeza de hoje, atrai esse sentimento. Esbanjando simpatia e carisma ela acolhe e conquista as pessoas com sua simplicidade.
Obrigada, pelo carinho e atenção, lindona! Que seus cachos sigam lindos e você possa dividir suas dicas e novidades sempre com a gente!
Beijocas e até a próxima, meninas!

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3 comentários

  1. Toda linda. Minha cacheada preferida <3

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  2. Você é linda e o cabelo liso ou cacheado é mero detalhe.

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  3. Obrigada Carol pelo privilegio, Vc eh uma linda fiquei emocionada com suas palavras! Obrigada meninas pelos comentários ;*

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