Diário da Transição: Como tudo começou

abril 13, 2015

Querido diário...
Sim, era desse jeito que eu pretendia começar. Mas acho melhor eu me apresentar: Sou Caroline e tenho exatos 01 ano e 04 meses em transição capilar. 
Esse é o nosso espaço para compartilhar as experiências desse período de redescoberta da identidade e da textura natural de nossos cabelos.
Meu noivo costuma dizer que esse lance de transição parece com transição planetária, alinhamento cósmico, essas coisas.  Ele não deixa de estar certo. 
transição capilar é uma espécie de alinhamento interno e externo onde ajustamos o que somos ao que queremos ser. 
Não é nenhum papo de bicho grilo. Eu juro! É só que não tem como passar pela transição sem mexer com o que você é por dentro e o que você é por fora. A sua história de paz ou de guerra com seu cabelo é que vai te mostrar como você pode se sentir melhor de um jeito ou de outro: lisa ou cacheada/crespa. O que importa é você realmente sentir-se bem. 
Nem toda história de transição tem drama, nem toda transição foi difícil, mas toda transição tem por trás um desafio. 

Quando eu comecei minha mudança capilar meu plano inicial era deixar o cabelo até a cintura, manter o liso e a cor que eu havia encontrado e que finalmente tinha achado o tom certo. 

Eu estava na metade do caminho quando tudo mudou. O cabelo já estava abaixo dos ombros em um liso bonito e sem muitos danos (sempre tem um ou outro fio fora do lugar). 


Não abria mão do liso perfeito.

O plano que mudou radicalmente: do liso extremo ao cabelo natural e volumoso.
Só que havia um tipo de prisão interna. Algo do tipo não conseguir sair sem estar com esse liso perfeito.  Parece bobagem, mas não era. 
Era inconcebível para mim sair sem meu liso com franja perfeitamente arrumado. Uma hora isso me desgastou. Foi aí que uma fagulha acendeu dentro da minha cabeça. Era preciso sair dessa cobrança pessoal. 
Algumas outras situações foram me levando ao que eu ainda não conhecia: meu cabelo natural, pois desde pequena usei química para "amansar" a raiz.
Depois de muito papear com uma amiga que estava em transição, (Rôana, sua linda!), eu comecei a pesquisar sobre a tal transição capilar em grupos no Facebook (Cacheadas em Transição e Transição Capilar - o seu diário), assim como em sites, blogs e vlogs.
Bateu uma duvida, quase pânico: eu não tinha cachos quando era criança?! Pelo que eu me lembrava eu só tinha um cabelo volumoso que me causava recordações desesperadoras. Hahaha.
Cabelo ressecado na versão "Jubinha" e tranças para "conter" o volume: quem viveu os dias de desembaraçar o cabelo sabe o que é dor.

Corri para os álbuns de foto e  comecei a pesquisar como era, afinal, o meu cabelo quando criança, pois há quase 20 anos (sim, VINTE!) eu usava química nos fios.
Só que não tinham cachinhos nas fotos. Só um cabelo domado em tranças.  
Eu tinha desencanado e quase desistido, mas um dia depois de uma hidratação (coisa rara na época) eu vi cachos tímidos crescendo na raiz sem retoque à dois meses. Essa foi a chama da nova possibilidade que eu precisava.
O primeiro passos foi parar de usar a guanidina que usei por muitos anos depois de usar a amônia. 
A última vez que tinha usado química no cabelo foi em dezembro de 2013. Foi a a partir daí que passei a contar o tempo de transição capilar.
Primeira vez sem chapinha e secador em 20 anos.

A primeira iniciativa após decidir deixar de usar química foi comprar produtos adequados para tratar os cabelos nesse período até me sentir pronta para cortar toda a parte alisada. Esse corte radical chamam de Big Chop = BC.
Escolhi a linha Cacho Sublime da Amávia que foi uma indicação de uma amiga. A linha tem shampoo, condicionador, hidratação, e um reconstrutor super bacana. O creme de pentear é grossinho, muito umidificante e deixa um efeito molhado nos fios. 
Como meu cabelo é ressecado, a linha ajudou bastante a dar brilho e  tratar, já que eu não tinha costume de fazer hidratações regulares. Era lavar, escovar e chapinha na juba! hahaha.
A linha da Amávia. Produtos interessantes para começar a transição.
Textura da Hidratação. Super consistente.
Mas o passo mais importante foi aprender a como conseguir usar meu cabelo sem escova e sem chapinha pelos próximos meses até meu cabelo ter o tamanho que eu considerasse ideal para cortar. Ai ai ai!
Comecei a procurar por texturização, que nada mais é do que uma técnica para pentear os cabelos e simular texturas iguais ou similares à do cabelo natural. E o detalhe é que eu tinha apenas alguns dedos de raiz já crescida.
Encontrei um vídeo da Rayza Nicácio sobre texturização com twists e descobri o famoso gel de linhaça. Adaptei a técnica do twist para tranças e comecei a usar o cabelo assim. 
Texturização com gel de linhaça e creme de pentear. 
Sobrevivendo às duas texturas.
Sobre como foi começar a usar a texturização, as dificuldades e as possibilidades é melhor deixar para o próximo post do Diário da Transição! 
Mas espero ter ajudado à quem está entrando nessa fase a entender um pouco como essa escolha pode ser simples e não ter sofrimento (ou o mínimo possível). 
O objetivo da transição tem que ser sua libertação de neuras, de compreensão da beleza do seu cabelo natural, seja ele cacheado ou crespo, com molinhas ou indefinido. Nada mais bacana do que perceber que você pode apostar em novos penteados, texturas mesmo sem alisar seus fios. 
Acredite! É possível passar por tudo isso. 
Beijocas e acompanhem os demais capítulos do nosso diário nos quais mostro meu cabelo nos meses de transição e a minha fase atual com 01 ano e 04 meses de transição. 
Até a próxima, lindezas!

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